1. O MEU ASSUNTO PREFERIDO
2. CANTIGA DA BURRA 3. QUANDO A NOITE JÁ IA SERENA 4. CANTIGA DAS CASAS 5. SENHORA DO ALMORTÃO 6. P'LO SIM P'LO NÃO 7. SEI QUE A VIDA NÃO NOS DÁ TUDO 8. UMA CANÇÃO POR ALI 9. HISTÓRIA DA PRINCESA SOLIDÃO 10. HORA CERTA 11. SEGREDOS DE MEL 12. JOGO DE FITAS 13. HISTÓRIA DO VAMPIRO APAIXONADO 14. CANTIGA DA BURRA (REMIX) 15. UMA SCOTTISH PARA TI 16. TUAREG JAM SESSION |
LETRAS
#1 O MEU ASSUNTO PREFERIDO
Eu não sei nada de ti Se tens ganho ou tens perdido Mas tu tens lá qualquer coisa Que me deixa confundido Faz bem o teu sorrir Soa bem o teu falar E há segredos no teu mundo Que adorava desvendar Mas não há nada a fazer nem a dizer Ou quase nada Só te posso dizer que me fazes bem Não há-de ser nada pouco importa Nem tão pouco faz sentido De qualquer maneira tu és sempre O meu assunto preferido Sempre que há qualquer razão Pra te poder encontrar Não pergunto sim ou não E faço tudo pra lá estar Passo o tempo a acreditar Que até pode acontecer Sinto a voz a fraquejar E nunca sei o que dizer É melhor deixar andar E aceitar Tudo ou Nada A verdade é que tu só me fazes bem Não há-de ser nada pouco importa Nem tão pouco faz sentido De qualquer maneira tu és sempre O meu assunto preferido #2 CANTIGA DA BURRA Deram-me uma burra Que era mansa, que era brava Toda bem parecida Mas a burra não andava A burra não andava, Nem pra frente, nem pra trás Muito eu lhe ralhava, Mas eu não era capaz Eu não era capaz, De fazer a burra andar Já passava do meio-dia e eu a desesperar E eu a desesperar, Ai que desespero meu Falei-lhe num burrico, A burra até correu #3 QUANDO A NOITE JÁ IA SERENA Tinha uma história que nunca contava, trazia um quarto fechado no olhar, E uma viagem que planeava, mas não começava para nunca acabar. Tinha um sorriso guardado em segredo, mas não sorria para não o contar, tinha uma chave que fechava o medo, nalgum arvoredo onde não queria entrar. E quando a noite já ia serena, disse-me a frase mais terna que ouvi: Valeu a pena. Mesmo que o fim da história seja aqui. Tinha uma nuvem da cor do mistério, tinha palavras da cor do saber, tinha vontades de brincar a sério, mudar de hemisfério para não se perder. Tinha lembrança da cor do poente, tinha o poente inteiro no falar, guardava o sol no esconderijo ardente, tão quente, tão quente, já quase queimar. E quando a noite já ia serena... Trazia a paz de uma dor que se apaga, e um calor que se quer apagar, como quem grita do alto da fraga, que a vida nos traga distância para andar. Deixou correr o licor dos sentidos, até que o dia nos veio acordar, de mãos trocadas, de braços caídos, achados perdidos. Veio a manhã levezinha e serena, cantar-me a frase mais terna que ouvi: Valeu a pena. Mesmo que o fim da história seja aqui. #4 CANTIGA DAS CASAS Anda a vida devoluta A morar em parte incerta Ando sempre à descoberta De algum canto pra habitar Tento agora tento logo Nunca há uma porta aberta Nunca tenho a conta certa Quando pedem pra pagar Ando a dar a volta ao tempo A viver em quarto emprestado O que tenho bem contado Mal me chega pra alugar Ainda há pouco vi um canto Que não estava habitado Mas ninguém me deixou ir pra lá morar Tanta gente sem casa e tanta casa sem gente Indicaram-me a maneira Pra meter um requerimento Pra arranjar um documento Que me pudesse ajudar Cheguei lá e alguém me disse Que mudou o departamento E não é este o momento Não há verba pra apoiar Tantas casa sempre abertas Mas a porta está fechada E o que tenho não me chega pra lá estar E assim anda meio mundo A esperar desabitado Por um outro meio Que o quer habitar #5 SENHORA DO ALMORTÃO Senhora do Almortão Óh minha linda raiana Virai costas a Castela Não queirais ser Castelhana´ Senhora do Almortão A vossa capela cheira Cheira a cravos cheira a rosas Cheira a flor de laranjeira Senhora do Almortão Eu para o ano não prometo Que me morreu um amori Ando vestido de preto #6 P'LO SIM P'LO NÃO Já passei anos a contar os desenganos A fazer planos sem nunca os realizar Contei os dias e tu nunca aparecias Nem me dizias se eu te podia encontrar Não é da sorte nem tão pouco é do destino Será divino este meu jeito pro azar Um dia destes faço as malas à tristeza E com certeza alguma coisa vai mudar P’lo sim pl’o não Vou bater á tua porta O não já esta garantido o sim é outra questão A vida já anda torta mas eu vou p’lo sim p’lo não Guardei vontades da mentira fiz verdades Guardei saudades pra poder acreditar Tive um aviso a dizer que era preciso Dar-te um sorriso pra te fazer reparar Guardei segredo não foi tarde nem foi cedo Perdi o medo e decidi arriscar Veio-me à lembrança que quem espera nunca alcança E a bonança é de quem a procurar P’lo sim pl’o não … #7 SEI QUE A VIDA NÃO NOS DÁ TUDO Há dias em que o tempo nos embala e fala mesmo sem querer falar. Guardamos um segredo que nos cala, porque aprendemos que é melhor calar. Às vezes há lembranças que não passam e voltam só para nos fazer sorrir. Guardamos os sentidos que se amassam, sabemos quem nos sabe bem sentir! Eu sei que a vida não nos dá tudo e às vezes leva o tempo devagar. O tempo enche as coisas de poeira Mas não muda as coisas de lugar. Há dias que o silêncio não apaga, lembranças que são mágoas só por si. Ficamos a esperar que o tempo traga as águas que passaram por aqui. E há noites que o silêncio não acalma, lembranças que a vida não arrumou. São como um farol dentro da alma, da luz um barco que nunca ancorou. Eu sei que a vida não nos dá tudo... #8 UMA CANÇÃO POR ALI Contou-me o vento como se fosse um lamento Que havia um sonho que ainda estava por sonhar Contou-me a lua que este sonho continua E alguém na rua foi capaz de acreditar Como um fio de água que é levado p’lo deserto Vem de longe Vem de perto Há-de vir de algum lugar Alguém que quis trazer ao mundo a calmaria Trouxe a paz na melodia e a vontade de mudar São mil segredos a dançar no meio dos dedos Ouço as areias a falar do teu querer Pediste ao Niger que nos afastasse os medos E aos penedos um deserto a amanhecer Falaste um dia duma água fugidia Que por certo voltaria para a sede se acalmar E assim levaste um fio de água p’lo deserto Veio de longe veio de perto Mas acabou por chegar Foste um presságio de uma terra sem amarras São as guitarras que ainda te estão a lembrar Contaste a forma de um deserto sem fronteiras Com as maneiras que só tu sabes contar Então correu um vento livre p’lo Sahara Que nos trouxe a ideia clara de que vale acreditar A tua alma é um fio de alma é fio de água no deserto Veio de longe ficou perto Pra nos fazer acordar |
9. HISTÓRIA DA PRINCESA SOLIDÃO
Solidão tinha um castelo Princesinha afortunada Tinha tudo o que queria Nunca lhe faltava nada Seu pai quis então casa-la Tinha nobres pretendentes E ela a todos recusava E lá partiam descontentes Vinham nobres e fidalgos Vinha a ilustre burguesia Com promessas de vitórias Mas nenhum ela queria Ali perto havia um lago Onde um dragão habitava Sempre que via a princesa Com ternura suspirava Esta é a História da Princesa Solidão Que em vez de escolher um príncipe quis ficar com o Dragão Em manhã de primavera Solidão na caminhada Foi ter à beira do lago E p’lo dragão foi chamada Fez-lhe um sinal sorridente Um olhar cheio de ternura E a princesa meio descrente Deixou-se entrar na aventura O Dragão ganhou coragem Declarou-se apaixonado Eu não tenho nem linhagem Nem brasão pendurado Solidão fez um sorriso Ainda mal acreditava Tinha encontrado o abraço Que há tanto tempo esperava Esta é a História da Princesa Solidão Que em vez de escolher um príncipe quis ficar com o Dragão 10. HORA CERTA Cansado do tempo Dos casos perdidos Do fogo cruzado p’lo meio dos sentidos Arrisquei a frase, fiquei a perder Enfrentei o medo Troquei os caminhos Colhi desalentos ganhei desalinhos Nas noites inteiras sem adormecer Um dia fui crente, esperei-te ao poente Não há-de ser nada Mas como um lamento, partiste no vento Na curva da estrada À se eu soubesse a hora certa pra dizer As coisas certas pra te fazer entender O meu sentir, o meu querer Se eu soubesse a hora certa pra dizer Quis saber a hora da tua chegada Já ganho por tudo e perdido por nada Quis saber do tempo, sem tempo a perder Esperei noite e dia, no lugar errado Correio electrónico desactivado Que mais poderia agora eu fazer E no fim de contas, dei contas à vida Não há-de ser nada Já está descoberto Tenho andado certo mas na hora errada À se eu soubesse a hora certa pra dizer As coisas certas pra te fazer entender O meu sentir, o meu querer Se eu soubesse a hora certa pra dizer 11. SEGREDOS DE MEL (Letra de Isabel Canarías) Hoje senti que o mundo estava doce Docemente tranquilo Talvez porque ontem vieste Com as palavras no paladar Segredar-me ao ouvido Com um tom de verdade Que os sentidos se versam nos gemidos Da palpitação da saudade Senti correr em mim o dia devagar A rua comprida demais pra percorrer Minhas pernas pareciam nunca alcançar Teus braços pra levemente adormecer Quando há sentidos nas mãos E amores nos segundos Desviar de olhares Arco-íris nos cumes E dedos aos pares Terra no coração Desejos no papel Serra de verde paixão Existem segredos de mel 12. JOGO DE FITAS Enquanto a tarde pousa lenta Vais deixando andar o tempo a boiar A vida não é tão cinzenta Quando o mundo nos faz aconchegar O sol desceu atrás da serra Pra que a noite nos venha acompanhar O Amor já não está em guerra Faz-se agora tempo de acreditar E há um sorriso espalhado pela mesa Tu ganhas alento, tu ganhas certeza Porque as coisas desta vida Sejam feias ou bonitas não passam De um Jogo de Fitas Enquanto a tarde pousa lenta Vês que a solidão se está a afastar A sorte falha a gente tenta Até que um dia as coisas hão-de calhar Pra trás ficou o tempo amargo De quem passa os dias a procurar Eu sempre ouvi dizer ao povo Quem procura um dia há-de encontrar E vão-se os enganos, acaba-se o frio Encontra-se um manto, que tapa o vazio Porque as coisas desta vida Sejam feias ou bonitas não passam De um Jogo de Fitas A vida é uma estrada com tantos sentidos Que às vezes ficamos parados, perdidos Á espera cansados sem nada a esperar Quem já se perdeu só se pode encontrar E revolta-se a vida por cima e plo fundo Dá se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo Porque as coisas desta vida Sejam feias ou bonitas não passam De um Jogo de Fitas 13. HISTÓRIA DO VAMPIRO APAIXONADO **** da rua Chego-me ao pé da janela Só pra ver se ela aparece Só pra eu a poder ver Sou vampiro aprisionado Dentro dos encantos dela Já não ando pelos caminhos A ver a quem vou morder Nem por gatos nem por cães Nem por trinta mil vinténs Não há nada que me traga a calmaria Sei que quando a manhã chega Já não posso fazer nada É a hora em que se acaba a fantasia Eu acordo quando a lua sai E só adormeço quando a lua vai Eu já fui o rei da noite Nunca dei lugar ao medo Corri caves e telhados Nunca ninguém deu por mim Desde que a vi à janela Vou lá espreita-la em segredo Sou vampiro apaixonado Nunca se viu coisa assim Nem por gatos nem por cães Nem por trinta mil vinténs Não há nada que me traga o novo dia Sei que quando a manhã chega Fica a alma destroçada É a hora em que se acaba a fantasia Eu acordo quando a lua sai E só adormeço quando a lua vai 14. CANTIGA DA BURRA (REMIX) 15. UMA SCOTTISH PARA TI Instrumental 16. TUAREG JAM SESSION |