LETRAS
1. CANTO DA SOLIDÃO
2. CANÇÃO DE EMBORCAR Se a garrafa acaba eu não sei o que fazer Aia aia ô O mal é que eu não sei parar de beber Aia ô aiê O certo é que isto me anda a preocupar Aia aia ô Mas de guela seca é que eu não sei estar Aia ô aiê Se a garrafa acaba volta-se a encher E o pior de tudo é parar de beber Se é muito ou se é pouco isso eu já não sei Aia ô aiê Fiz de uma garrafa minha companhia Aia aia ô Só estou mal com ela se a vejo vazia Aia ô aiê Já me deram ordens para eu abrandar Aia aia ô E agora eu ando a beber mais devagar Aia ô aiê Se a garrafa acaba volta-se a encher E o pior de tudo é parar de beber Se é muito ou se é pouco isso eu já não sei Aia ô aiê O primeiro Bebe-se cheio O segundo Até ao fundo O terceiro Como o primeiro E os outros Como segundo E para acabar em comunhão Emborca-se o garrafão Se a garrafa acaba volta-se a encher E o pior de tudo é parar de beber Se é muito ou se é pouco isso eu já não sei Aia ô aiê 3. SÉCRISTIA 4. CONVERSA DE COMADRES Ando tão apoquentada Com as luas da minha filha Sai sozinha noite dentro Inda praí cai numa armadilha Ela a sua é tal a minha Andam na sem vergonhice Saem à noite com os moços E até já houve quem as visse Refrão: Ai dona maria que as nossas gaiatas Andam aos beijos onde toda a gente as vê Eu cá por coisas até vou mais longe Fumam cigarros e mais sei lá o quê Vinha eu ontem da fonte Estava o sol já deitado Eu bem vi a sua filha A dar beijos a um mal encarado Sendo assim também lhe conto Que ontem também vi a sua Levantei-me eu manhã cedo E ela ainda andava na rua Refrão: Ai dona maria que as nossas gaiatas Andam aos beijos onde toda a gente as vê Eu cá por coisas até vou mais longe Fumam cigarros e mais sei lá o quê Veja lá o que há-de ser da nossa vida agora pois então Até já me diz que nem sequer se quer casar Digam lá se isto é coisa de gente que tem tudo no lugar Ou estou a variar É que eu ando cá com um pressentimento que qualquer dia ainda a apanho com um lá em casa... Refrão: Ai dona maria que as nossas gaiatas Andam aos beijos onde toda a gente as vê Eu cá por coisas até vou mais longe Fumam cigarros e mais sei lá o quê 5. SERRA D'ARGA 6. ROMANCE DA CEIFEIRA 7. MARIA TOMA CUIDADO 8. TRÉGUA 9. SÃO BENTO DA PORTA ABERTA |
10. OS HOMENS MAIS VELHOS DO BAR
Os homens mais velhos do bar, fazem lembrar os sinais do entardecer Como um dia que já passou mas que deixou tanta coisa por fazer Os homens mais velhos do bar entre cigarros e copos sem graça Veem as gaiatas passar a noite é que já nunca passa. Os homens mais velhos do bar, contam histórias quando o Outono vem Andaram por longe eu sei lá, e há coisas que não vão contar a ninguém Os homens mais velhos do bar, sabem que a vida já não lhes diz que sim Para os outros o bar está a fechar mas para eles o bar não tem fim. Senta-te aqui à minha frente Tenho uma história p'ra te contar Ficava triste se tu não tivesses Vontade de aqui ficar Vou-te falar de um lobo sozinho Que se apaixonou p'la lua cheia E ainda tem um lugar vago Na cama que a lua não quis. Os homens mais velhos do bar, sabem que as nuvens são como a solidão que às vezes parecem partir mas voltam sempre lá para o fim do verão Aos homens mais velhos do bar, é a noite quem lhes afaga a mão Companheira que não tem destino mas que acaba sempre por ter razão. O tempo é um doido a correr, a manhã está longe e não quer voltar Há muito que assim passou a ser, p'ra quem pensa que assim vai passar E há tantos que não querem saber, dos homens mais velhos do bar É que são mais os que se afogam num copo, do que aqueles que se afogam no mar. 11. NÓ NO MIOLO Foi como que tiro e queda quando eu aqui cheguei! Andava arranjar a vida quando eu a conheçi Ando a falar-lhe da lua e da terra semeada Mas ela pouco se emporta, não diz nada sorri! Pedi a uma amiga dela para vir a ter comigo Contei-lhe que vim de longe e nem sequer sei falar Às vezes vou pra dizer, mas chego lá não consigo E ela anda-se a rir de mim por eu não saber contar Tú andas-me a deixar doido Nunca quis tanto a ninguém Deste-me um nó no miolo E agora vê lá, diz lá se achas isto bem? Diz lá se achas isto bem? Fiquei á porta da escola a ver se ela aparecia Naquele dia parecia Que até estava inspirado Dei-lhe uma pedra que tinha Achado à beira d'um rio Mas ela não achou graça pôs a pedra do lado Cada vêz ando mais triste por não conseguir nada já ando a ficar cansado de tanto pagar Amanhã é tudo ou nada chego ao pé dela e digo Que o meu falar não é bom mas há melhor que falar Tú andas-me a deixar doido Nunca quis tanto a ninguém Deste-me um nó no miolo E agora vê lá, diz lá se achas isto bem? Diz lá se achas isto bem? Tú andas-me a deixar doido Nunca quis tanto a ninguém Deste-me um nó no miolo E agora vê lá, diz lá se achas isto bem? Diz lá se achas isto bem? Tú andas-me a deixar doido Nunca quis tanto a ninguém Deste-me um nó no miolo E agora vê lá, diz lá se achas isto bem? Diz lá se achas isto bem? |